domingo, 21 de fevereiro de 2016

Caras (os) amigas (os)  e colegas,

Aqui estou eu de volta com algumas inovações. Afinal, parei de enviar o "Blá, blá, blá domingueiro..." para vocês em 23/08/2015. Vocês são uma longa lista de pessoas cujo endereço virtual possuo. A grande maioria de amigas(os) e colegas queridas (os) que gostam de receber a crônica domingueira e dão retornos pessoalmente, por escrito ou por telefone. Também bem recebem avisos de eventos, informes vários que gosto de enviar. Além dessa maioria que conheço e que me conhece, possuo uma lista de endereços  virtuais de algumas pessoas os quais adquiri quando coordenei uma atividade de psicanálise e tomei a liberdade de usar para envio da crônica domingueira. Dessas pessoas, várias se tornaram minhas interlocutoras ou mesmo amigas, por conta do "Blá, blá,blá...", outras eu apenas conheço de nome e/ou por encontrá-las em eventos de psicanálise, e  recebem meus escritos em silêncio sem quaisquer comentários a mim dirigidos,  e há ainda desta lista um pequeno grupo de pessoas que desconheço totalmente. Pequeno grupo também silencioso.

Hoje estou enviando para a maioria, em repetição, a crônica "Só Matizes" escrita em 23/08/2015. Tento recomeçar a partir de onde parei. Interrompi o envio da crônica no final de agosto do ano passado, por questões de ordem pessoal, mas sobretudo por estar todo esse tempo me interrogando seriamente se cabe dar continuidade a essa atividade de escrita, não sendo escritora e, tendo muito bom gosto literário, considerando o meu texto de qualidade sofrível. Tem também a questão de a maioria dos textos ter uma forte tonalidade autobiográfica, quando neste momento me interpelo quanto aos ganhos e perdas de me expor tanto, até para leitores totalmente desconhecidos. Enfim, estou revendo se escrever, como escrever, se enviar, para quem enviar. Hoje não sei ainda se escreverei uma crônica para o próximo domingo. Se vocês não receberem ficam sabendo ser por conta dessas minhas meditações.

Se alguém que receber hoje preferir não continuar recebendo, por favor, numa boa, me avise. Se por acaso alguém estiver recebendo somente hoje e tiver curiosidade de conhecer algumas outras crônicas, datadas desde 2012, pode recorrer ao endereço do meu blog:  blablablazista.blogspot.com.br  .

Quanto à crônica que para a maioria estou reenviando, se escrita hoje, teria mudado de tonalidade. O meu querido amigo e grande poeta Carlos Machado me disse que quando escrevi  "Somatizar, só matizar, só matizes...." fiz um poema. Obrigada Carlos!! Fico feliz por de vez em quando, poder subverter e bagunçar o sentido convencional das palavras. Cada vez que alguém faz isso, e você vive de fazer isso, acontece uma parceria entre psicanálise e poesia. Costumo dizer a meus amigos escritores: "Faço psicanálise porque não tenho talento para fazer poesia". A propósito de fazer poesia, perdi em dezembro passado meu amigo e poeta Boaventura Francisco Maia Neto. Ainda está doendo. Ele deixou a mim e mais duas amigas como curadoras de sua obra. Não sei se dou conta. Para começar dei a Carlos Machado (poesia.net) os três livros publicados de Boinha.

Quanto a minhas fortes dores na coluna que ocasionaram o título da crônica, foram embora por vários meses. Vai-se o sentido, fica a palavra. Também vai-se a palavra, e fica o que dela pode ser fraturado. A poesia. Agora já passou a validade do procedimento hospitalar ao qual me submeti e as dores estão voltando. A não ser o que há de insuportavelmente burocrático a fazer junto ao plano de saúde, não tem problema. Me submeto de novo.E me acompanha ao hospital a minha querida auxiliar doméstica cuja inteligência me impressiona muito e me deixa a cismar.

Quanto à minha mãezinha, sobre quem escrevi várias crônicas a partir do momento em que sofreu uma mastectomia e todos vocês acompanharam, não sei que tipo de notícia tenho a dar. Acho que tanto quanto pode, está dando a volta por cima, tentando saber fazer com seu sintoma. Diagnosticada como portadora do mal de Alzheimer e por isso sendo contra-indicado para ela mudanças de ambiente físico, quanto mais de cidade, D. Myriam foi compulsoriamente convidada por meu irmão e minha cunhada a mudar-se da casa deles em Maceió para a casa de minha irmã em Aracaju. Eu não fui consultada a respeito e fui a última a saber. Não sei o que disso dizer a vocês, meus leitores. Pensem por vocês próprios.Piorou drasticamente da sua desorientação cognitiva. Sobre o impacto psicológico disso sobre ela, prefiro guardar comigo. Assim ela me pediu. Mas o bonito disso é que ela tornou-se uma pintora.Ganhou cadernos para pintar ilustrados com pássaros e outros animais, também paisagens, e usando canetas hidrocor tem produzido belas obras. Por enquanto o que posso fazer por ela é escutar e escutar e dizer que a amo muito e contar a lorota de que vou à missa todo domingo e repetir mil vezes para ela que meu irmão tem por ela enorme afeto e sempre foi muito cuidadoso com ela. Mas o Estatuto do Idoso não me sai da cabeça.

Por enquanto, deixa o Estatuto do Idoso pra lá. Os "Escritos Extraídos do Silêncio" sobre os quais falei na crônica, foram lançados em dezembro, junto com o livro do pai da poeta. Esse pai, ah como é bom viver um pai !! Esse pai, tem 93 anos e escreve e publica livro de poemas. Enviei o livro para minha mãe ler. Pra que Estatuto do Idoso? Finalizando, quero contar para vocês que a grande novidade se a crônica fosse escrita hoje é que a partir de agora não me identifico mais somente como Marcia Gomes. Para homenagear a minha mãe pintora, a minha mãe coragem, passo a assinar meu nome completo. Pra que Estatuto do Idoso? Até o próximo domingo. Será?
                                                   Marcia Myriam Gomes                                               
  

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