domingo, 10 de maio de 2015

12/04/2015                                  NOTÍCIAS.

Fim de semana pluvioso. A cidade de Salvador, pouco afeita à chuva, sofre muito com os alagamentos, deslizamentos de terra, buracos enormes nas ruas congestionando o trânsito. Como sempre, pra variar, os mais prejudicados são os socialmente desfavorecidos que de uma hora para outra se veem sem casa, sem bens, sem abrigo.

Eu ontem passei o dia em casa, entre encantada e assustada com a impiedosa cor cinza do céu e o vento fazendo ruídos fantasmagóricos nas vidraças. Tenho passado vários dias em casa e há algumas semanas não tenho enviado a vocês a crônica domingueira. Ontem passei o dia todo deitada assistindo, entre outras coisas, um documentário sobre um filme de Wim Wenders a respeito do fotógrafo Sebastião Salgado. Na verdade, assisti muita coisa na televisão, impossibilitada que costumo estar nos últimos tempos, de usar o corpo com liberdade.

É difícil não poder usar o corpo com liberdade. Como vários de vocês já sabem, estou com uma grave artrose degenerativa na região lombo-sacra da coluna vertebral, com quase total obstrução de nervos. Muita dor, impossibilidade de me locomover, sem condições de sentar para escrever no computador. Por isso, não tenho escrito o "Blá,blá,blá domingueiro..." Por isso, estou em falta com vocês. Está difícil estudar, está difícil ler, coisa que gosto tanto. Tenho ido regularmente ao consultório. Felizmente os assentos por lá não são de todo desconfortáveis. Mas tenho precisado faltar a alguns compromissos de trabalho e é triste saber que a vida pulsa à minha revelia. Muita coisa acontece e eu não participo.

Tenho ligado muito pouco para meus amigos. Quase não tenho entrado no Facebook. O último evento social de que participei foi o lançamento na reitoria do livro do amigo Olival Freire Júnior, sobre Física Quântica.Fiquei lá uns poucos minutos sob o imperativo de logo sair porque a dor não me dá trégua. A vida pulsa à minha revelia, mas não estou de todo desatenta. Quero parabenizar as queridas amigas e colegas Terezinha Queiroz e Myrian Vallias que fizeram aniversário recentemente. Quero parabenizar Rafael Andrés, a quem tenho como filho, que irá tomar posse na próxima semana como Professor Adjunto da Universidade Federal do Sul da Bahia. Quero desejar à amiga Ana Cecília um bom encontro de trabalho com Valsiner. Estou contente de saber que Eulina recém chegada do Capão está em Salvador.

Agradeço a todos amigos e colegas que enviaram dicas de ajuda profissional para meu problema na coluna. Não agradeci a cada um em particular porque meu acesso ao computador está restrito. As dicas foram muito úteis. Neste momento, me candidatei a uma primeira consulta no Hospital Sarah e estou aguardando ser chamada. Estou muito esperançosa de com esse atendimento vislumbrar uma saída para meu problema. Minha prioridade agora é cuidar da saúde para me restabelecer. É difícil e pode também ser solitário não poder usar o corpo com liberdade. Por isso, peço que aqueles que me escrevem, continuem escrevendo. Que aqueles que me visitam, continuem visitando. Que aqueles que me telefonam, continuem telefonando. E se eu demorar a responder, saibam que é por uma impossibilidade que vai passar.

Nesse momento em que permaneço muito tempo em repouso em casa, a interlocução com vocês, meus amigos e leitores me nutre muito. Por isso apesar da dor, sentei e escrevi para vocês este texto que espero, não pareça queixoso ou lamuriento. Queria, de algum modo, me fazer presente no domingo de vocês. Queria, de algum modo, dizer que mesmo que me ausente, estou pensando em cada um de vocês e louca para retomar a vida com todos os seus encantos.
                                                                                                      Um abraço,
                                                                                                               Marcia Gomes

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