sábado, 28 de setembro de 2013

Texto de 02/06/2013 

“Blá, blá, blá domingueiro...” e... A tarde; perdida.


Ela já se está indo.A tarde.Há um ruído perseverativo de um ventilador de teto com ar de rotina em cenário de livro de escritor latino americano.Mário Vargas Lhosa? Talvez.Vejo que escrevi errado o nome do homem.Como é? Como é? Como é? Como é me escapa entre dedos.Sangue por entre dedos.A memória que se perde fere."Sangue de Amor Correspondido".O nome do livro com o ventilador de teto.


O vento sibila desestabilizando o equilíbrio psíquico dos vidros do apartamento.Por entre os vidros enlouquecidos a noite adentra antes que nada eu pudesse dizer sobre a tarde.A tarde se foi sem que eu nada pudesse dizer sobre ela.A vida se foi? Coisa de fenomenologia:antes que se comece a dizer, escapa.A escrita é a tentativa frustrada de presentificar o que já se foi.O ventilador de teto dá uma, duas, cem voltas.Sem volta.Não posso retroceder à tarde.Não posso retroceder.O globo aceso na sala refletido no vidro faz de conta de ser uma lua romântica me consolando de ter perdido a tarde.Lua romântica.Amor correspondido sem sangue.E usufruir a noite porque fui eu quem acendeu o globo quando me dei conta de que algo em mim ficou irreversível.
                                                                                                     
   Marcia Gomes.

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