sábado, 3 de setembro de 2016

07/07/2016  AGRADECIMENTO - INFORME SOBRE COMO  AS PESSOAS RECEBERAM E RESPONDERAM À MINHA ANTERIOR CONSULTA COM PEDIDO DE RESPOSTA  (Noto que há nesses textos uma talvez inadequada insistência minha em falar, provavelmente com ressentimento, das posturas as quais chamo 
de procedimento behaviorista de "dar extinção", em geral características de alguns colegas psicanalistas que, ao meu ver, confundindo o que é do âmbito da
análise em intensão com o que não cabe na análise em extensão, praticam numa "psicanálise selvagem", intervenções tipo CORTE, sempre que se sentem desconfortáveis, constrangidos, ameaçados, invadidos, etc, particularmente quando deles divergimos. Embora a fala seja o carro chefe do pensar psicanalítico,parece haver no convívio social dos psicanalistas, o que me parece um tanto contraditório, uma etiqueta velada subreptícia, de que não é muito bem visto as pessoas falarem espontaneamente, sem fazer "intervenções", sobre o que pensam, como se sentem, com o que concordam ou discordam, etc.
Parece que esta é entre alguns uma prática muito enraizada que faço questão de não aprender nem adotar com ninguém, mas certamente vou ter que saber
lidar sabendo fazer, quando a adotarem comigo. Parabenizo o psicanalista Aurélio Souza, que sendo socialmente muito educado e gentil, consegue ser muito
espontâneo nesse âmbito, enquanto parece saber ser extremamente rigoroso no bom sentido, quando exerce a análise  em intensão (clínica, consultório, divã).

Olá, amigas (os), colegas psicólogas (os), psicanalistas e companheiros na luta por um Brasil democrático, com igualdade de oportunidades para todos,

Há dias atrás, enviei para toda a minha lista de contatos (umas 300 pessoas mais ou menos), um informe intitulado CONSULTA COM PEDIDO DE RESPOSTA, onde pedia, por gentileza, que as pessoas se posicionassem, dizendo se preferiam não mais receber de mim, textos, informes, etc, de teor político, e/ou a crônica que escrevo aos domingos (ultimamente não tem sido muito regular) intitulada  "Blá, blá, blá domingueiro....".

Fiz esse pedido, porque além de haver recebido solicitações de uns 4 ou 5 colegas psicanalistas, algumas delicadas e outras nem tanto, e de mais umas 3 pessoas não psicanalistas, para serem retiradas da minha lista de contatos, o que passei a atender imediatamente, observei em algumas pessoas, em geral dos meios psicanalíticos, mas não só, algumas atitudes um tanto desagradáveis para mim, de uma certa forma excludentes, interagindo comigo de modo muito formal, ou mesmo com uma certa hostilidade velada, a exemplo de parecer fingir não ter me visto, virar as costas quando eu me aproximo, etc, diferente do que faziam antes do atual momento político que estamos vivendo e de eu explicitar de um modo talvez por demais contundente, a minha posição política frente aos acontecimentos. Confesso que tais atitudes partindo de pessoas com as quais procuro manter uma relação de coleguismo muito cordial ou mesmo de amizade, me machucaram.

Além de ficar machucada, também pude refletir, que, talvez, ao contrário do que eu penso sobre liberdade de expressão, algumas pessoas da lista, com todo o direito, poderiam estar se sentindo desrespeitadas no seu modo de pensar e funcionar, particularmente em relação à questão política, ao receberem informes, textos, avisos, etc, defendendo uma posição contrária  à delas. Quero deixar claro mais uma vez (penso que já está claro no texto anterior) que a posição política que defendo também por ocupar o lugar de analista, eu estou assumindo como minha e para minha vida exclusivamente. Longe de mim julgar as escolhas do outro, ou mesmo recomendar que assumam essa ou aquela posição. Se ao ler meu texto anterior, alguém sentiu assim, ou interpretou assim, peço que me desculpe. Sabemos que a linguagem, particularmente escrita, é fonte de mal entendidos. De mais a mais, reconheço que às vezes, ao veicular alguma informação, posso escrever de modo por demais contundente, gerando no outro uma certa indisposição.

Como retorno à minha consulta com pedido de resposta, inúmeras pessoas, muitas mesmo, além da minha expectativa, em geral com as quais mantenho um relacionamento mais próximo e/ou tenho uma certa identidade de posições políticas, mas não só, (várias pessoas que eu não conheço também se posicionaram do mesmo modo), responderam de modo muito carinhoso e sensível, se posicionando a favor de que eu continue a enviar os informes políticos e a crônica de domingo. Muitas pessoas me elogiaram pela coragem de explicitar minha posição política e lutar em sua defesa. Outras muitas disseram do seu prazer em ler a crônica, pela qual já esperam todo domingo. Muita gente, com muito carinho por mim, disse que eu escrevo bem e devo buscar publicar. Acho que é bondade desse pessoal. Escrevo por necessidade visceral, mas sei que não passo de uma amadora. Fico muito grata e comovida. Creio que todos nós precisamos de um pouco de reconhecimento por parte do outro, além do prazer e senso de dever intrínsecos ao que faz.

Uma colega psiquiatra e psicanalista a quem considero amiga e tem posição política diferente da minha, escreveu uma resposta contundente, de quem ficou chateada com o que eu disse no texto anterior. Foi bastante incisiva e, de certa forma, me criticou. Achei ótimo!! Não esperava coisa diferente dessa colega e fiquei muitíssimo grata. Assim eu me sinto reconhecida como sujeito e podemos conversar esclarecendo os mal entendidos. Gosto de quem se posiciona e diz a que veio. Vou, com muito prazer, manter essa amiga na lista dos meus leitores da crônica, e, obviamente, respondi a ela agradecendo.

 O que chamo de silêncio eloquente, usual para alguns colegas, e que fora do enquadre da análise em intensão, me constrange, me faz me sentir de certa forma desqualificada, e muito infelizmente, lembra o manipulativo e controlador procedimento de extinção (o nome já diz tudo) muito usado pelos behavioristas, foi a resposta dada por várias pessoas, grande maioria, psicanalistas.

 Entendi o silêncio à  minha consulta, como a expressão muda da não disposição de receber E-mails meus sejam de cunho político ou literário. Então este E-mail é o último que envio nesse teor, às pessoas que silenciaram. Se alguém silenciou querendo dizer outra coisa, diferente do que entendi, por exemplo a pessoa silenciou, supondo estar explícito no seu silêncio, que deseja continuar recebendo as mensagens políticas e/ou literárias, peço que me escreva esclarecendo, para eu corrigir minha percepção e dar continuidade ao envio. O silêncio, na verdade, causa uma certa dor, me deixa "com a bunda fora do lugar", mas aceito como a resposta possível de um certo número de pessoas que optam por ignorar, por não querer, não saber o que dizer, ou achar que não deve dizer nada, porque o meu pedido não merece resposta. Respeito e agradeço.

Algumas pessoas, creio que muito poucas, também poderão não terem respondido por não terem ainda lido o E-mail. Nesse caso, fico aguardando um retorno.
 

Algumas poucas pessoas preferiram responder por telefone ou pessoalmente. Achei isso também muito bom. Todas elas querem continuar recebendo a crônica e as mensagens políticas. Algumas poucas pessoas pediram para sair da lista e outras poucas pediram para não receber mensagens políticas.

Quero que todos fiquem certos que todas e quaisquer respostas ou não respostas, serão atendidas, do modo que entendi. Qualquer dúvida ou esclarecimento, por favor, me escrevam. Obrigada a todos. Creio que a partir de agora terei uma lista um pouco menor, mas com a garantia do "pente fino".
                                                                                                 Marcia Myriam Gomes.

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