sábado, 3 de setembro de 2016

 02/07/2016  CONSULTA  COM PEDIDO  DE RESPOSTA - TENTANDO  LIMPAR MINHA LISTA DE CONTATOS  DOS NOMES DE PESSOAS  QUE PREFEREM 
            NÃO RECEBER  MINHAS  MENSAGENS, PARTICULARMENTE  AS DE CUNHO POLÍTICO.


Olá, amigas (os), colegas psicólogas (os) e psicanalistas e companheiros na luta por um Brasil democrático, com igualdade de oportunidades para todos,

Tenho uma lista de E-mails bem grande. Mais de 300 nomes. Fui adicionando nomes à lista, à medida em que fui vivendo novas experiências. Tenho muitas (os) amigas (os). Particularmente pessoas que gostam das artes e da escrita. Fui professora da Ufba nas décadas de 70 e 80. Tive muitos colegas e alunos os quais participam da lista. Dei supervisão clínica a várias pessoas no meu passado não muito distante quando me denominava terapeuta cognitivo-comportamental. Adicionei essas pessoas à lista, bem como nomes de outros colegas que trabalham ainda nesta abordagem.

 Quando fiz a minha passagem para a psicanálise, ganhei amigas (os) e/ou colegas nos seminários que fiz e/ou faço na Letra Freudiana (Salvador), ou com a querida Alone Gomes. Na Letra Freudiana (Salvador), coordenei, se não me engano por 2 anos, uma atividade intitulada "Encontros de Psicanálise" quando convidávamos psicanalistas ou pessoas de outras áreas de saber para falar. Dessa atividade ganhei um bom número de contatos para minha lista. Nesse grupo, particularmente, há colegas psicanalistas que me conhecem pessoalmente e eu não conheço, ou vice-versa. Eu conheço pessoalmente mas a pessoa não me conhece. Ou então, não nos conhecemos pessoalmente mutuamente.

Atendi, infelizmente não por muito tempo (passei a não ter mais carro e por problemas na coluna, não pude mais pegar ônibus. Táxi para a Boca do Rio é muito caro), no Instituto Viva Infância. Quando tive o prazer de conhecer a colega e companheira de luta Cláudia Mascarenhas. Mali, eu já conhecia.

Participei até agora de um seminário de psicanálise coordenado por Arlete Garcia e aí vieram mais nomes para a lista. Como atividade paralela ao consultório, trabalhei por alguns anos como revisora de texto com o objetivo de ajudar quem escrevia a aprender esse ofício, tomando gosto por ele. Aí veio mais gente para a lista. Cursei uma disciplina como aluna especial na pós do Instituto de Letras. Na psicanálise, atualmente, estou mais próxima do Espaço Moebius, participando de várias atividades. Também gosto de comparecer a atividades eventuais no Campo Psicanalítico. Vai aumentando a lista.

 Não escondo de ninguém que tenho um passado de militância política na adolescência na organização de Lamarca, lutando com toda a garra contra a ditadura. Aos 17 anos saí da organização, mas ao entrar na universidade, colaborei com o movimento estudantil e dessas experiências, ganhei amigas (os) que fazem parte da lista. Algumas pessoas dizem que me exponho muito. Concordo e tento cuidar disso. Mas há o que fica de irredutível do sintoma. Tenho as minhas verdades inegociáveis e faço questão de explicitá-las. Me dou conta agora que com 63 anos, se for arrolar aqui por todos os lugares que passei e o que fiz para ter nomes na minha lista, vou fazer quase um curriculum vitae acadêmico. Deus me livre.

Então a mais, quero somente dizer que me posiciono politicamente à esquerda, luto por um Brasil democrático com igualdade de oportunidades para todos. Na minha leitura, como uma questão minha para a minha vida, acredito que ocupar o lugar de psicanalista, muito pelo contrário, não está dissociado de lutar por condições de vida que possibilitem a todas as pessoas se constituírem como sujeitos desejantes. Então junto a exercer a análise em intenção e extensão, tão causada quanto, exerço um trabalho político. Lutei contra o impeachment e quero FORA TEMER. Daí aconteceu que fiquei um tanto à frente e/ou próxima de movimentos de organização política de psicanalistas e psicólogos e também de outros movimentos.

A maioria de vocês sabe que escrevo aos domingos, não muito regularmente, uma "garatuja" literária que chamo de crônica e mando para toda a lista. É o "Blá, blá, blá domingueiro...". Sua finalidade é puramente literária. Escrever é muito importante para mim, e não creio que o faça mal, embora tenha muitíssimo o que melhorar. É uma coisa totalmente amadorística, de modo algum me considero escritora e tenho muito pudor com a ideia de publicar. Tenho amigos escritores que dizem que devo pensar seriamente nisso, dando uma trabalhada nos meus textos, selecionando os melhores e, me arriscando a sair do viés autobiográfico, incursionando pela ficção. Divulgo as crônicas num blog desde 2012. Se você tiver interesse o endereço é: blablablazista.bogspot.com.br  . O nome do blog é uma homenagem a meu amigo e grande poeta Carlos Machado (poesia.net) que assim me chamou brincando.    Muito tomada pelos acontecimentos políticos mais recentes, creio que escrevi as duas últimas crônicas com um teor bem à esquerda. Mas foi exceção. Gosto de escrever algo que me aproxime da literatura.

Bom, desculpem por eu ser prolixa. Mas a moral da história é a seguinte: com uma lista tão eclética, passei a usá-la para múltiplas finalidades. Principalmente colaborar com a divulgação de eventos que considero relevantes. Como, apesar de Temer, ou mesmo por causa dele, insisto em batalhar por liberdade de expressão, passei a veicular na minha lista muitas coisas.

 Costumo enviar a crônica para todos e como recebo no meu E-mail, as mais variadas informações sobre coisas das mais diversas naturezas e nunca me importei com isso, me sentindo invadida ou desrespeitada (pelo contrário, acho que quem envia está fazendo um legítimo uso da sua liberdade de expressão, contra a censura. Cabe a mim, sem qualquer ódio ou rancor, ler o que me interessa e deletar o que não me interessa, sem nenhuma animosidade com quem mandou), julguei que como se estivéssemos ainda numa democracia, eu teria direito de veicular pela minha lista também textos sobre a situação política, abaixo assinados, manifestos, escritos meus me posicionando em relação à conjuntura nacional, avisos de manifestações, etc. Creio que fui ingênua em não perceber que o atual momento é uma situação de alinhamento de posições que configuram concretamente a luta de classes. A elite é a elite. As camadas populares são as camadas populares e ai de quem se explicitar em sua defesa.

Recebi umas 6 ou 7 mensagens de colegas psicanalistas, algumas delicadas, outras, muito agressivas e elitistas, me solicitando ou mesmo ordenando, que deixasse de enviar "esses tipos de E-mails" ou que retirasse seus nomes da lista. Acatei, é claro, os pedidos. Mas a coisa não parou aí. Comecei a notar, entre outros incidentes, que alguns colegas psicanalistas que me tratavam muito bem, passaram a me cumprimentar muito formalmente, meio empinando o nariz ou virando a cara, encurtando a conversa.

 Confesso que algumas vezes cheguei a pensar que lamentavelmente, algumas pessoas estavam me tratando como uma "comunista que come criancinhas". Costumo arcar com o que faço. E não acredito em exercer o desejo sem perdas. De mais há mais, há perdas que me são indiferentes. Mas longe de mim, criar constrangimentos. Afinal de contas, frequento os meios psicanalíticos e sei que para meu próprio bem, preciso cuidar de respeitar as regras da boa convivência. Por outro lado, não quero perder meu tempo com quem não vale a pena. Fiquei muito triste de perceber que até algumas psicólogas, colegas de turma que costumavam dar retorno à minha crônica elogiando, dizendo que ficaram sensibilizadas, etc, depois dos meus posicionamentos políticos, passaram a silenciar. Lamentável.

Sabem o que mais? Resolvi passar um pente fino na minha lista. Na boa. Sem ressentimentos. Sei que algumas pessoas acreditam que política é uma mera questão de luta de ideias. Nada tem a ver com classe social. Há até quem pense que quem defende as camadas populares é fracassado com quem não se deve misturar. Há também quem acredite que política é como religião. Cada um tem a sua, não se discute. Menos ainda em ambiente de trabalho. Não pega bem em ambientes sociais onde as pessoas se divertem, falar do sofrimento do povo brasileiro. E por aí lá vai. Eu não quero nem posso mudar essas pessoas. Me resta respeitar seus pontos de vista (será que respeitam os meus?) e buscar a parceria de amigo junto a meus companheiros.

Então, minha cara, ou meu caro, peço que me diga numa boa se você, primeiro, quer continuar recebendo minha crônica literária. Tem gente que não gosta de literatura. Tem gente que gosta de literatura, mas até por ser muito exigente, não gosta do que escrevo. Ou não tem tempo de ler. Tem outras prioridades. Para que ficar recebendo uma coisa que não lhe interessa? Não é? Peço que me diga sinceramente. Se não quiser, retirarei seu nome da lista imediatamente.

Em segundo lugar, independente de querer ou não receber a crônica literária, você prefere não mais receber E-mails de teor político, a favor das camadas populares, contra o impeachment, FORA TEMER, elogiando Dilma, independente de eu ser Petista ou não? Se você preferir, peço que me diga. Se posicione. Retirarei seu nome da lista numa boa. Você pode querer uma coisa e não outra. Respeitarei seu pedido sem qualquer ressentimento. Afinal, é melhor não ter seu nome na lista do que ficar sem saber por que você me cumprimenta formalmente, me vira a cara, finge que não me viu. 

Há até quem recebe a crônica, há anos, e dá uma de João sem braço. Silencia. Como não é psicanálise, não merece ser mencionado. Estranho um pouco que isso se exerça fora do âmbito da análise em intenção. Na minha opinião isso é uma falta de rigor com a psicanálise. Mas há vários psicanalistas chegados a responder com eloquentes silêncios. Até me lembram os behavioristas com seu famoso procedimento de "Extinção". Ao qual tenho horror, quando usado por abuso, fora do consultório. Por favor, peço que gaste 10 minutos de seu tempo. Me escreva um E-mail, se posicionando. Não quero mais mandar minha crônica para quem não a lê. Não quero mais mandar E-mails de teor político para aqueles a quem isso parece causar horror.  Ficarei imensamente grata se você se posicionar. Gratíssima. Quem sabe até, fiquemos amigos? Só de uma coisa não abro mão:não converso com fascista. Aquele que exerce autoridade não sabendo ouvir.
                                                                                            Um abraço,
                                                                                         Marcia Myriam Gomes.

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