Subject: Repassando Poema de Augusto de Campos, escrevi de repente, um texto lindo, com puta dor.
Date: Sat, 3/09/2016
Olá, amigas (os) e colegas,
Repassando o poema de Augusto de Campos enviado pela querida amiga, colega, parceira em várias posições políticas e na sensibilidade, Denise Coutinho. Também enviado pelo meu querido amigo e "enorme" poeta ( "Pássaro de Vidro", "Tesoura Cega", "Cada Bicho com seu Capricho"- infanto-juvenil- "Mané Ventura, Gonçalo e Eu"-cordel) Carlos Machado, também parceiro em posições políticas, editor do boletim poesia.net que está no Facebook e você pode também receber por E-mail toda quarta-feira. O poema de Augusto, visualmente apresentado mais abaixo, além de muito lindo, pode nos fazer pensar um pouquinho neste fim de semana. A mim, fez me ver "não me vendo". De jeito nenhum.
É ele, Augusto de Campos, o autor do palíndromo (verso anacíclico) considerado mais perfeito, por ser a letra V de formato simétrico, sendo todo o poema simétrico por ter um número ímpar de caracteres (letras) divididos simetricamente pela letra V. Experimentem ler da esquerda para direita e da direita para esquerda:
R E V E R
Muito infelizmente, não consegui passar para o blog aqui, a imagem, com a montagem concreta do poema de Augusto de Campos intitulado "Não me vendo". Muito lindo. O esperado seria que ele ficasse todo visual, ainda que "Não me vendo", dentro do quadrado abaixo. Aí a maldita tecnologia
da internet (estão "VENDO", o diabo mudou o tamanho da letra e
não me perguntem como se deu o negócio, que eu não sei contar
o "causo") na qual gosto de ser retardada, fez uma brincadeira abs-
trata de deixar o poema não visto. E no final das contas sou eu que
me visto de "oligofrênica" e sou vista pelo outro como tal. Assim,
me dou a ver. Não estão "VENDO"? "Não me vendo". Será que há
comigo, alguma coisa problemática quanto ao "ESTÁDIO DO ES-
PELHO"? Só perguntando a Narciso. Nome de flor. Por falar em
Narciso, com certeza nenhum problema quanto ao ESTÁDIO DA
FONTE NOVA, sobre a qual, ele, se "VENDO", se jogou. Vamos
brincando ocupando o espaço no qual ficaria desenhado o poema
concreto. Então vou lhes contar um caso trágico. Terá algo a ver com
o "CASO DO VESTIDO" de Drummond? Foi assim: vindo de Ibira-
taia para Salvador, finalmente me foi permitido frequentar uma esco-
la e particular. O Colégio Nossa Senhora do Carmo, em 1964. Não
podemos deixar de falar de GOLPE. Meus pais estavam se separando.
Dizia minha mãe que por causa de Lecy. terá sido? Será que ele ficou
lecyderado e com ela, minha mãe, desconsiderado? Então meu pai me cha-
mou no quarto, simples assim: "Minha filha, se você quiser morar comi-
go, continua estudando no Nossa Senhora do Carmo. (não deve ser à toa
que minha mãe, na idade idosa, tornou-se noviça carmelita). Segundo a ca-
deia borromeana, Sujeito não tem idade e não envelhece. Fica sempre no
viço. Noviciado. Aviciado? Então continuemos. Simples assim:.... se qui-
ser morar com sua mãe, vai para a escola pública. Eu, simples assim: "Não
estou à venda." E caí no choro no qual estou caída até hoje. Queda. GOL-
PE. Queda de Dilma. Choro. Dilma é com certeza nome de pobre. O que
salva (ou condena?) é o sobrenome. Gosto de ser pobre. Preciso ser po-
bre. Não estou à venda. Já estou chorando pra me acabar. Se acabar, li-
teralmente é passar ao ato. Meu Deus, que eu nem acredito, por que fui
me encantar com essa tal de LETRA? De tanto chorar, borro meu (Bor-
romeu? brasão dos Urpias? o sobrenome que salva da pobreza? Por is-
so não o possuo?) olho. Borra a maquiagem. Se houver espaço, conto
o caso de Magda. A menina, que segundo tia Zezita, quando enluarada,
roubava as maquiagens da mãe. Esse também é trágico.Por falar em so-
brenome, quando fui contar minha passagem (ao ato?) na Letra Freudia-
na, a burguesa da Cristina Ferraz disse assim: "para eu lhe apresentar ,
preciso saber de que família você é". Simples assim: "Minha família é
Gomes". Ela:" Gomes, de Orlando Gomes, como Alone?" Eu: "Não .
Um Gomes qualquer um aí. Não sei não." Como disse Augusto de Cam-
pos, NÃO ME VENDO. É nisso que dá ficar a noite toda acordada, de
sexta pra sábado, atualizando o blog, sob aquelas condições que me dei-
xam assim criativa, do nada. Criar o nada? Ex-niilo? Tenho certeza que
escrevi errado a palavra. Do nada. Desaviciada. Ex-pirada e com puta dor.
Escrever. Apenas me dei conta que na falta do concreto, sobrava espaço.
Fui preencher e foi saindo tudo assim, como um precipitar-se no abismo.
Nome dado por meu pai à Queda de Paulo Afonso. Por que Paulo Afon-
so caiu? Brincando um pouco, também....com esse nome.... Nome salva.
Quando é bonito. O que seria de mim, se me chamasse Mirella Márcia?
Provavelmente morreria de escopofilia. Filia. Filiação. Ação da filha. NÃO
ME VENDO. Custa muito caro. Os olhos da cara. Custa os olhos da cara?
A sabedoria popular conhecia Édipo? Lendo meu trabalho da jornadinha
que me deixando triste, não foi visto pela cadeia, dei-me conta que como
Édipo, tenho o pé amarrado. Quanto mais escrevo, me dou conta que jamais
se preencherá o espaço reservado ao poema concreto NÃO ME VENDO.
O jeito é deixar o espaço em branco. Inescritível? Ainda bem que tem a LE-
TRA e a categoria do necessário, que nunca foi aristotélica. Como conseguir
me calar e deixar que isso, passe em branco? Aquilo que não cessa de se es -
crever. VER, mas NÃO ME VENDO. É manhã de sábado. Vou tomar banho,
escovar os dentes. Com que dinheiro cuidar do dente de nordestino, que vai
cutucar São Paulo de vara curta, queném demônio? Sou uma escritora, com
puta dor. Viva Augusto de Campos. NÃO ME VENDO. NÃO SE VENDA
os olhos de Édipo. Vou tomar café da manhã.
Abaixo, o inevitável espaço em branco. Logo em seguida, bem lá em baixo, Machado recitando o poema de Augusto e dando uma liçãozinha a quem interessar possa. Não é que a letra cresceu de novo, sem que eu nada saiba sobre isso? Será uma
ereção (broxou!!!) matinal da LETRA? Só escrevendo em mai-
úscula, para disfarçar a broxada. Sem problema. Isso acontece
com as melhores famílias de Londres. Mesmo as que portam
um brasão, de brasa?
"É isso: não me vendo não se venda não se vende.Ética, senhores. E tirem a venda dos olhos" . ( Carlos Machado)Um abraço,Marcia Myriam Gomes
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